sábado, 21 de agosto de 2010

Apenas uma linda mensagem

Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão
e disse: "Tenho algo importante para te
dizer". Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento
em seus olhos.
De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer
a ela o que estava pensando. Eu queria o
divórcio. E abordei o assunto calmamente.
Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou
em voz baixa: "Por quê?"

Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os talheres
longe e gritou "você não é homem!" Naquela
noite, nós não conversamos mais. Pude ouví-la chorando. Eu sabia que ela
queria um motivo para o fim do nosso
casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta.
O meu coração não pertencia a ela mais e
sim a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela.

Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para
ela a casa, nosso carro e 30% das ações da
minha empresa.
Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com
quem vivi pelos últimos 10 anos se tornou uma
estranha para mim. Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia
mas eu não voltaria atrás do que disse, pois
amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha
frente, o que já era esperado. Eu me senti
libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últimas
semanas finalmente se materializava e o fim
estava mais perto agora.
No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa
escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a
cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o
dia com a Jane.

Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa,escrevendo. Eu a ignorei e voltei
dormir.

Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada
meu, mas pedia um mês de prazo para conceder
o divórcio. Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse
viver juntos de forma mais natural possivel.
As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no próximo
mês e precisava de um ambiente propício para
prepar-se bem, sem os problemas de ter que lidar com o rompimento de seus
pais.

Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou
do momento em que eu a carreguei para dentro
da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os
próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa
todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca mas
aceitei sua proposta para não tornar meus
próximos dias ainda mais intoleráveis.

Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e
achou a idéia totalmente absurda. "Ela pensa
que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a
situação e aceitar o divórcio" ,disse Jane
em tom de gozação.
Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo,
então quando eu a carreguei para fora da casa
no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu
dizendo "O papai está carregando a mamãe no colo!"
Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala
para a porta de entrada da casa, eu devo
ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou
os olhos e disse baixinho "Não conte para o
nosso filho sobre o divórcio" Eu balancei a cabeça mesmo discordando e
então a coloquei no chão assim que
atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o
trabalho e eu dirigi para o escritório.

No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito,
eu senti o cheiro do perfume que ela usava.
Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher.
Ela certamente tinha envelhecido nestes
últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino
e grisalho. O nosso casamento teve muito
impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para
ela estar neste estado.

No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior com
o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10
anos da vida dela a mim.

No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada
dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à
porta da casa. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício,
pensei.

Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou
uma série deles mas não conseguia achar um que
servisse. Com um suspiro, ela disse "Todos os meus vestidos estão grandes
para mim". Eu então percebi que ela
realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos
últimos dias.
A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso... ela carrega tanta
dor e tristeza em seu coração.....
Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos.

Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse "Pai, está na hora de
você carregar a mamãe". Para ele, ver seu
pai carregando sua mãe todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa.
Minha esposa abraçou nosso filho e o
segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de
perto, temendo mudar de idéia agora que estava
tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do
quarto para a sala, da sala para a porta de
entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme
contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso
casamento.

Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a
segurei em meus braços, por algum motivo não
conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e
eu me vi pronunciando estas palavras: "Eu não
percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo".

Eu não consegui dirigir para o trabalho.... fui até o meu novo futuro
endereço, saí do carro apressadamente, com medo
de mudar de idéia...Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane
abriu a porta e eu disse a ela "Desculpe, Jane.
Eu não quero mais me divorciar".

Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa "Você está com
febre?" Eu tirei sua mão da minha testa e
repeti "Desculpe, Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou
chato porque nós não soubemos valorizar os
pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi
que desde o dia em que carreguei minha
esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até
que a morte nos separe.

A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu a
porta na minha cara e pude ouví-la chorando
compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar.

Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de
rosas para minha esposa. A atendente me
perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi:
"Eu te carregarei em meus braços todas as
manhãs até que a morte nos separe".

Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um
grande sorriso no rosto, fui direto para o
nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama - morta.
Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu
estava muito ocupado com a Jane para
perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e
quis poupar nosso filho dos efeitos de um
divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho
a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo
menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso.

Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num
relacionamento. Não é a mansão, o carro, as
propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um ambiente propício
a felicidade mas não proporcionam mais do
que conforto. Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa, faça
pequenas coisas um para o outro para
mantê-los próximos e íntimos. Tenham um casamento real e feliz!

Nenhum comentário: